21 junho 2010

Empresas querem trazer sondas para o Brasil

O Brasil é hoje o maior foco mundial de exploração marítima de petróleo, com 78 sondas contratadas, segundo os dados da Rigzone - 37 delas com capacidade para operar em águas profundas.

Com estimadas 35 sondas inativas no Golfo do México, o Brasil já está sendo consultado por empresas que querem trazer seus equipamentos para o País.

"O que é ruim para alguns pode ser bom para outros", disse Fernando Martins, vice-presidente para América Latina da GE Oil and Gas, que fornece serviço para empresas de perfuração.

"Como os operadores estão fechando pelo menos temporariamente no golfo dos EUA, algumas empresas planejam levar suas plataformas de perfuração para o Brasil agora", disse ele, sem dar detalhes.


Preços

Embora evitem falar publicamente de qualquer assunto relacionado ao vazamento, as petroleiras instaladas no País reconhecem que podem se beneficiar da ociosidade das sondas do Golfo do México.

"Acredito que, em breve, algumas empresas comecem a oferecer novas unidades ao País", diz um executivo de empresa com operações no pré-sal. A expectativa é que os preços venham abaixo da média, por conta da oferta adicional de equipamentos.

A percepção de que o Brasil pode ser beneficiado pela sobra de equipamentos do Golfo do México tem respaldo no governo.

Na semana passada, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que o acidente no Golfo do México poderia abrir oportunidades aos empreendedores com negócios no Brasil. Na quinta-feira, foi a vez da diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, comentar que o País poderia se beneficiar da oferta de equipamentos a preços mais baixos.

Riscos

Outro executivo do setor lembra, porém, que a tragédia no Golfo do México pode dificultar a concessão de novas licenças para perfuração no Brasil, o que limitaria os benefícios da oferta excedente de sondas.

Além disso, diz, na maior parte dos casos, o alto custo de deslocamento dos equipamentos para o Brasil só se justifica em caso de contratos de prazos longos por aqui - a princípio, a moratória durará 180 dias, com possibilidade de prorrogação.

De todo modo, mesmo com a oferta de sondas, o mercado brasileiro também foi atingido pelo vazamento, que evidenciou algumas dúvidas com relação à tecnologia para a exploração de petróleo em águas profundas.

A BP usa equipamentos semelhantes aos usados pela Petrobrás e vem encontrando dificuldades em adaptar procedimentos de contenção do fluxo de óleo para profundidades acima de mil metros.

E o vazamento de petróleo no Golfo do México pode provocar alterações na legislação do setor no Brasil. Uma das mudanças em estudo é o aumento das multas por vazamentos, consideradas baixas diante das dimensões do acidente nos EUA.

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