15 setembro 2010

BNDES prevê investimentos de R$ 2,9 trilhões até 2013

O chefe do Departamento de Acompanhamento Econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fernando Puga, afirmou hoje que os investimentos no País de 2010 a 2013 devem acumular um total de R$ 2,9 trilhões, valor próximo ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Deste total, R$ 1,3 trilhão serão aplicados na indústria de transformação, no setor de petróleo e gás natural e em obras de infraestrutura, com destaque para a área de energia. "Esse volume total de recursos no período deve ser suficiente para elevar de 20% neste ano para 22,2% em 2013 a participação dos investimentos em relação ao PIB", comentou.

De acordo com Puga, esse volume de recursos pode gerar efeitos positivos na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), a ponto de atingir eventualmente 23% do PIB em 2013. Segundo ele, a ampliação de mecanismos de financiamento em longo prazo no Brasil junto ao setor privado, como o governo tem defendido, deve colaborar para que a participação do BNDES nos empréstimos desses empreendimentos passe de um montante pouco superior a 20%, que é registrado atualmente, para um patamar levemente acima de 10%.

Recentemente, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em palestra realizada em São Paulo, comentou que "é importante que diminua de forma gradual a participação relativa do BNDES nos financiamentos de projetos de longo prazo no Brasil, sobretudo em infraestrutura - e também que aumente a participação do setor financeiro privado, especialmente com o fortalecimento do mercado de capitais nos próximos anos".

Puga destacou dois polos de investimento dinâmicos que vão colaborar de forma expressiva na FBCF no Brasil até 2013. Um deles são os investimentos em petróleo e gás, realizados em boa parte na exploração de petróleo da camada pré-sal, pela Petrobras. O outro são obras de infraestrutura que, com avanço significativo da aplicação de recursos de longo prazo na área de energia, duplicaram em valores absolutos nos últimos cinco anos.

De acordo com estimativas do BNDES, o setor de petróleo e gás deve registrar investimentos de R$ 340 bilhões nos próximos quatro anos. "Além dos projetos relativos ao pré-sal, há uma agenda extensa de investimentos no Brasil nos próximos anos, que inclusive estão relacionados com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016", afirmou Puga, que fez as declarações em lançamento do relatório "Recursos Naturais na América Latina: Indo Além das Altas e Baixas", realizado pelo Banco Mundial, em parceria com a Fiesp, na capital paulista.

Petróleo e gás têm recorde de fusões no 1º semestre

O número de fusões e aquisições no setor de petróleo e gás no Brasil foi recorde histórico no primeiro semestre do ano, de acordo com levantamento da consultoria KPMG. De janeiro a junho, foram realizadas 21 transações, ante oito operações em todo o ano de 2009, o que representa um crescimento de 162%. O último registro de movimentação relevante foi em 2002, com 26 transações em todo o ano, segundo a empresa de auditoria e consultoria.

A KPMG atribui o aumento no número de negócios à expectativa de crescimento das reservas brasileiras de petróleo e gás com a camada pré-sal. Do total de 21 transações, 13 foram realizadas por companhias brasileiras adquirindo outras brasileiras ou estrangeiras, com destaque para Petrobras e empresas fornecedoras de máquinas e equipamentos e prestadores de serviços.

Petroleiras internacionais também mostraram apetite e fizeram aquisições nesse período. Entre janeiro e junho, foram anunciadas oito operações de estrangeiros comprando companhias brasileiras.

Segundo o diretor da área de Corporate Finance da KPMG no Brasil e especialista no segmento, Paulo Guilherme Coimbra, o setor passa por um processo consolidação, principalmente entre fornecedores de máquinas e equipamentos e prestadores de serviços da indústria. "A maioria das transações realizadas neste período foi por empresas deste perfil e a tendência é que esse movimento continue", diz Coimbra.

ANP aguarda sísmica de áreas mais ao sul na bacia de Santos

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis aguarda para o final do ano resultados de levantamentos sísmicos 3D de áreas mais ao sul na bacia de Santos, onde acredita que podem existir novos reservatórios de petróleo e gás.

A diretora da ANP Magda Chambriard afirmou a jornalistas durante a Rio Oil & Gas que os estudos de sísmica foram encomendados à companhia CGG Veritas, e as áreas sob análise estão mais ao sul dos blocos BM-S-21 e BM-S-22, este último operado pela Exxon.

"É possível que haja reservatórios mais para o sul... aí, é possível, se houver descoberta, que o poço entre no PAC e a partir daí contratamos a Petrobras para perfurar", afirmou a diretora, lembrando que o governo autorizou que a ANP contratasse a estatal para trabalhos em dois poços firmes e dois contingentes.

Até o momento, a Petrobras perfurou apenas dois poços firmes (Franco e Libra).

Segundo ela, após perfurações em novas áreas, se forem interessantes os resultados, poderão ser incluídas nos próximos leilões, já sob o regime de partilha.

Caixa prevê que área de óleo e gás libere R$5 bi até 2011

A recém-criada superintendência de petróleo e gás na Caixa Econômica Federal pretende encerrar 2010 com desembolsos de 2,5 bilhões de reais e com 5 bilhões de reais em 2011, segundo a direção do banco estatal.

"Imaginamos esse ano chegar nos 2,5 bilhões de reais. Temos muitos projetos em andamento e consultas... com o pré-sal, o céu é o limite," disse à Reuters o superintendente da Caixa, Edalmo Porto Rangel.

A presidente da Caixa, Maria Fernanda Coelho, reforçou que os recursos para a área de petróleo e gás são destinados prioritariamente para micro, pequenos e médios fornecedores de equipamentos.

O objetivo, segundo ela, é ajudar a indústria a se preparar para atender a demanda crescente do setor, que tende a ser impulsionada pela produção do pré-sal. Segundo ela, o objetivo é dar prioridade a empresas brasileiras.

O ministro interino de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, disse na abertura de uma feira de petróleo, nesta segunda-feira, que o governo considera levar nas licitações de áreas de petróleo e gás no país o conteúdo nacional mínimo e fixar metas para os 4 ou 5 anos posteriores a rodada.

"A idéia é fomentar a cadeia de fornecedores que compõem esse itens e subitens do conteúdo nacional mirando o pré-sal," ressaltou a presidente da Caixa

Para facilitar o acesso dos fornecedores aos recursos do banco, a Caixa está aceitando os contratos da Petrobras como garantia dos empréstimos.

"A empresa contrata uma operação com a Petrobras para ser fornecedora e aquele contrato é tão garantido que posso antecipar 20 a 30 por cento daquele contrato. Dando certo, vamos estender isso para outras cadeias produtivas," finalizou o superintendente da Caixa.

Caixa quer ser parceira na exploração do pré-sal

A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, disse hoje que a instituição quer ser "parceira na exploração do pré-sal", conquistando a liderança bancária junto ao setor. "Pretendemos ter em muito pouco tempo, no setor de petróleo e gás, o mesmo desempenho do setor imobiliário. Para terem uma ideia do que isso significa, hoje a Caixa tem 75% de toda a contratação do setor imobiliário", disse ela na cerimônia de abertura do evento Rio Oil & Gas, no Riocentro.

Maria Fernanda vai assinar hoje um convênio com o Ministério dos Transportes para credenciamento do banco como agente financeiro do Fundo de Marinha Mercante (FMM), que se destina a garantir os recursos para ampliação e recuperação da frota mercante nacional. Além disso a instituição financeira, que tem um estande na feira que acontece como parte da programação do evento, vai assinar também um convênio de cooperação técnica com o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), que prevê oferta de linhas de crédito para modernização tecnológica e capacitação de estaleiros nacionais.

Brasil irá exportar petróleo líquido

O Brasil se tornará exportador líquido de petróleo em 2011, afirma a Agência Internacional de Energia (AIE), no relatório mensal sobre o setor divulgado na última sexta-feira. A entidade estima que a produção brasileira de óleo crescerá de 2,2 milhões de barris por dia em 2010 para 2,4 milhões de barris por dia no próximo ano. "[2011] será o primeiro ano do Brasil como exportador líquido de petróleo, embora volumes mais significativos só devam ficar disponíveis para o mercado mundial nos anos seguintes", diz o relatório.

A agência nota que a produção de Tupi avançará até o fim deste ano, saindo do atual estágio de piloto, com 20 mil barris diários, para a próxima fase, com 100 mil barris diários. Trata-se do primeiro desenvolvimento em larga escala do pré-sal. Em junho, os campos de Uruguá e Cachalote iniciaram produção com capacidade de 35 mil e 100 mil barris por dia, respectivamente.

Na avaliação da AIE, ainda não está claro qual será o impacto da interrupção da produção da P-33, na Bacia de Campos, e das reclamações dos trabalhadores sobre questões de segurança. "Greve e protestos dos funcionários realçaram preocupações com a segurança das plataformas mais velhas e o sindicato vem, desde então, pedindo a suspensão do trabalho em outros locais, incluindo a P-31 e a P-35." As atividades da P-33 foram suspensas, em agosto, pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). A Petrobras disse que, antes da interrupção, a plataforma produzia 19 mil barris diários, abaixo da capacidade de 60 mil.

Interesse dos chineses na OGX mostra apetite de asiáticos pelo setor

O anúncio do interesse em blocos da OGX na Bacia de Campos pela Sinopec e CNOOC deverá ser apenas um dos primeiros de uma série de investimentos de empresas chinesas no setor de petróleo e gás no Brasil. É o que afirma o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie) que aponta o aumento do risco do investimento para empresas como a Shell e ExxonMobil para justificar a saída dessas empresas dos negócios no País.

Segundo ele, a investida das empresas daquele lado do mundo no Brasil deverá ser mais freqüente com a aprovação do novo marco regulatório em função do aumento da estatização do setor com a mudança da Lei do Petróleo. "Como as empresas tradicionais têm as obrigações com os acionistas, um mercado com risco acaba se tornando pouco atraente. Já no caso de empresas chineses não existe essa preocupação, pois o capital é estatal", analisou ele.

Segundo Pires, se esse interesse se converter em investimento real, a OGX conseguirá mais recursos que serão aplicados na campanha exploratória. A expectativa do mercado é de que as empresas chineses aportem na subsidiária de petróleo e gás do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, cerca de US$ 7 bilhões.