06 abril 2010

Empresas devem perfurar 27 poços de gás e petróleo em Minas Gerais

As pesquisas de gás natural e petróleo na Bacia do São Francisco – área que abrange as regiões Central, Centro-Oeste, Alto Paranaíba, Noroeste e Norte de Minas – deverão incluir a perfuração de pelo menos 27 poços exploratórios até janeiro de 2012. Este é o compromisso mínimo assumido pelas empresas que arremataram as concessões de exploração licitadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em 2005 e que, neste ano, ingressaram na segunda fase do programa de pesquisas.

Dos 33 blocos de concessão licitados em 2005, apenas três foram devolvidos pelas empresas à União, o que indica o apetite das companhias pelas possíveis reservas de gás natural da região que, conforme especialistas, podem ser comparáveis às megajazidas da Sibéria, na Rússia.

A segunda etapa de pesquisas dos blocos licitados em 2005 começou em janeiro deste ano e terá duração de dois anos. Nesta fase, as empresas interessadas em continuar a exploração na Bacia do São Francisco tiveram que informar à ANP se prosseguiriam ou não com os trabalhos.

De acordo com a ANP, a Petrobras decidiu devolver à União dois dos seis blocos que arrematou em 2005. A empresa vai interromper as pesquisas nos blocos SF-T-103 e SF-T-113, que ficam entre o Norte e o Noroeste de Minas. Nos outros quatro blocos em que a Petrobras vai continuar a exploração, há o compromisso de perfuração de, no mínimo, um poço em cada área. A Petrobras não se pronunciou ontem quanto ao cronograma de trabalho nas áreas remanescentes.

A ANP informa ainda que a argentina Oil M&S, que arrematou 22 blocos de concessão em 2005, decidiu devolver à União o bloco SF-T-145, que fica entre as regiões Centro-Oeste e Central. Os argentinos também repassaram 12 de seus blocos para a empresa Petra Energia, que fica obrigada a prosseguir com o programa de exploração previsto no contrato de concessão. Ao todo, Oil M&S e Petra Energia têm o compromisso de perfurar um poço em cada um dos blocos concedidos, em um total de 21.

Desde que os blocos da Bacia do São Francisco foram licitados, em 2005, analistas do setor petrolífero duvidavam que a Oil M&S levaria até o fim o programa exploratório nos 22 blocos arrematados. A empresa entrou no setor de petróleo como prestadora de serviços em 2001. Em 2004, ingressou nas atividades de exploração e produção. A Oil M&S não se manifestou.

Já os representantes da Petra Energia não foram localizados.
Um outro poço deverá ser perfurado pela Cisco Oil & Gas na Bacia do São Francisco durante a segunda etapa de pesquisas. A empresa tem um bloco exploratório entre as regiões Centro-Oeste e Central. Não havia executivos disponíveis para entrevistas ontem na sede da Cisco Oil & Gas, que pertence à Gávea Oil & Gas, instalada no Rio de Janeiro.

Novas oportunidades em logística

Nem mesmo a recente crise internacional foi capaz de frear o crescimento da demanda por profissionais na área de logística nos últimos anos. O perfil de quem atua na área, no entanto, mudou. Até pouco tempo, os maiores cargos ocupados por executivos do setor estavam limitados à gerência. Agora, o mercado já aloca especialistas em funções de direção ou nas cadeiras de vice-presidente ou presidente. "Em momentos de crise, as empresas saem em busca de novas soluções para reduzir custos, exigindo todo o conhecimento de especialistas nesse setor", garante Maurício Lima, diretor da área de capacitação do Instituto Ilos, que atua na área de geração de conhecimento e soluções em logística.
A prova desse bom momento para os profissionais é que quatro grandes empresas ouvidas pela reportagem oferecem vagas em mais de 10 cidades, além de colocações nos Estados Unidos, México e Argentina. "Por ser uma carreira relativamente nova, ainda há um grande potencial de crescimento", analisa Lima. Há oportunidades de trabalho para recém-formados, que ocupam cargos de analista e participam de atividades de planejamento, além de gerentes e diretores.

Para o especialista, a tendência é um reflexo do aumento da importância da logística nas empresas, observado desde o início da década de 1990, quando a eficiência operacional passou a ser decisiva na indústria e no varejo - até então, o estoque era considerado uma reserva de valor e alvo de especulação. "Hoje, o excesso de armazenamento é visto como uma ineficiência. Ao trabalhar com um baixo nível de estoque, a empresa fica mais suscetível a erros e exige uma rotina de alta confiabilidade, o que demanda uma logística muito mais complexa e sofisticada", afirma.

O Valor teve acesso a uma pesquisa inédita realizada pelo Ilos com 104 profissionais de logística no Brasil. O estudo revela que as mulheres estão ganhando mais espaço em um mercado tradicionalmente masculino e que experiências internacionais pesam na hora da promoção. Entre os gerentes, 46% dos profissionais recebem entre R$ 50 mil e R$ 150 mil, e 42% deles ganham entre R$ 150 mil e R$ 300 mil por ano. Nos cargos de presidente e diretor, 57% dos executivos abrem holerites que passam dos R$ 300 mil anuais.

Mas na hora de reivindicar melhores salários, a experiência internacional do profissional de logística parece ser decisiva. O estudo mostra que 56% dos empregados que ganham acima de R$ 300 mil por ano já trabalharam ou estudaram fora do país. São eles que, geralmente, estão em cargos mais elevados, como presidente ou diretor. O Ilos também observou que, nos últimos dois anos, as executivas ganharam mais posições e melhores salários em um segmento dominado pelos homens. Em 2008, 66% das mulheres ocupavam funções de analista. Já em 2009, 48% delas aparecem em postos mais graduados, como gerente (38%), presidente ou diretor (10%). A mudança também respingou nos salários. No ano passado, 59% das profissionais passaram a receber entre R$ 50 mil e R$ 150 mil anuais - em 2008, apenas 40% delas ocupavam essa faixa.

Coordenadora do departamento de transporte da Aliança Navegação e Logística em Santos (SP), a executiva Juliana Latorraca entrou na empresa como estagiária, em abril de 2005. "Fui contratada oito meses depois, quando terminei a graduação", lembra. Juliana é engenheira de produção mecânica e fez um MBA em gestão empresarial, com ênfase em logística, na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Hoje, é responsável pelo departamento de multimodal da Aliança, que gerencia o transporte terrestre de contêineres depois da chegada ao porto. "A atividade exige a contratação, monitoramento e controle de serviços de transporte rodoviário, ferroviário, terminais de contêineres, além de fornecedores de serviços e de mão de obra para a movimentação das cargas."

Juliana já coordenou operações delicadas, como o transporte de plasma sanguíneo em contêineres com temperatura controlada, e o atendimento a uma grande empresa de eletroeletrônicos que incluiu a contratação de veículos com dispositivos de segurança, disponibilidade de equipes 24 horas por dia e informações em tempo real para o cliente. Para ela, o segredo da profissão é atender a exigência do contratante no menor prazo e com o menor custo. "Além de raciocínio lógico, o profissional deve ser dinâmico, tomar decisões rapidamente e sob pressão."

A atualização também é um forte requisito para se manter no cargo. Além do MBA, a engenheira fez curso de inglês no Brasil e nos Estados Unidos e participa de treinamentos internos na companhia. Em 2010, pretende se inscrever em uma especialização em finanças, controladoria e gerenciamento de processos. Segundo a pesquisa, 96% dos profissionais da área afirmaram ter investido na própria capacitação durante o ano. As aulas de logística integrada, custos logísticos e de cadeias de suprimentos foram as mais procuradas pelos profissionais. Nos próximos anos, por conta de necessidades do mercado, os treinamentos mais comuns devem ser de logística tributária e planejamento de redes logísticas.

Segundo Hugo Yoshizaki, coordenador da Fundação Vanzolini e do curso de pós-graduação em logística empresarial da Universidade de São Paulo (USP), a maioria dos alunos dos cursos de especialização tem formação em engenharia e administração de empresas e idades entre 25 e 35 anos. O curso de pós-graduação em logística empresarial da Fundação Vanzolini, oferecido em convênio com a USP, foi lançado em 2005 e já formou sete turmas, com quase 200 alunos. "São oferecidas duas turmas por ano com 35 vagas cada uma. A procura oscila entre 3 e 4 candidatos por vaga", diz. Em maio, a fundação lança um novo curso, de capacitação em gestão de operações logísticas para profissionais com ou sem experiência na área.

Para Maurício Lima, além de conhecimento técnico, o profissional também deve ter grande habilidade analítica. "O custo dessa atividade para as empresas é alto e representa mais de 8% da receita líquida das companhias no Brasil." Segundo o diretor do Ilos, a maioria dos profissionais do mercado é formada em engenharia e administração e direciona a formação acadêmica para logística durante a pós-graduação. Nas empresas do setor, o profissional tem de conhecer operações de comércio exterior e dominar o idioma inglês. "Além do lado técnico, é preciso saber lidar com o inesperado. O transporte internacional marítimo, aéreo e terrestre envolve alfândegas, documentação e conformidades legais, e exige a gestão de um profissional que não seja acomodado", diz Fábio Bermúdez, diretor de logística internacional da Tito Global Trade Services, especializada em logística e gestão aduaneira.

A companhia tem 400 funcionários, escritórios em 11 cidades brasileiras e unidades em três países. Para selecionar candidatos, Bermúdez recebe indicações, vai às universidades e usa recrutadores profissionais. No ano passado, a empresa, dona de um faturamento de US$ 24,4 milhões, contratou 75 pessoas. "Três foram para cargos de gerência", diz. Em 2010, espera-se um crescimento de 24% nos negócios e a criação de 50 posições para as áreas de gestão e operação de projetos. As vagas abertas estarão em Porto Alegre (RS), São Caetano do Sul e São Paulo (SP), além de Buenos Aires, Cidade do México e Miami. A empresa também vai investir US$ 600 mil no fortalecimento de equipes comerciais - quer criar times de vendas locais em todos os países de atuação.

Na Brasilmaxi, com 370 funcionários e unidades em seis cidades, a previsão é contratar 50 profissionais para cargos operacionais, técnicos e de supervisão. "Eles devem atuar na Grande São Paulo, Rio de Janeiro e no Espírito Santo", afirma Uguslete Zanardi, responsável pela área de RH. A empresa atende clientes como Semp Toshiba, LG e Honda e planeja engordar os contratos em 17%, até dezembro. No ano passado, contratou 120 pessoas e cinco delas foram para posições de comando.

"Queremos profissionais com curso superior e preferencialmente com uma pós-graduação em logística", adianta José Luiz Pereira, diretor operacional da Golden Cargo, especializada em transportes e armazenagem de produtos ligados à cadeia do agronegócio. A empresa, com um faturamento de R$ 100 milhões, tem centros de armazenagem e distribuição em sete Estados e coleciona clientes como Dow e Basf. Com mais de 300 colaboradores, contratou quatro gerentes em 2009 e vai fazer novas contratações este ano. Há vagas abertas também na Exata Logística, que faturou R$ 80 milhões em 2009 e atende a Vivo e a Masterfoods, do setor alimentício. No ano passado, a companhia de 500 funcionários admitiu 80 colaboradores e dez foram para posições de gerente ou superior. "Os profissionais vieram de Minas Gerais, São Paulo e do Distrito Federal", diz o diretor Mauricio Pastorello.

OGX anuncia duas descobertas

A companhia brasileira de petróleo e gás OGX anunciou mais duas descobertas de presença de hidrocarbonetos, desta vez nos poços OGX-7A (1-OGX-7A-RJS) e OGX-10 (1-OGX-10-RJS), ambos no bloco BM-C-42, na parte sul da Bacia de Campos. No primeiro, prospecto denominado Huna, foi identificada uma área com óleo de fato mínima de 17 metros. A 86 quilômetros da costa do Estado do Rio de Janeiro, o OGX-7A começou a ser perfurado em 16 de fevereiro.

Já no OGX-10, prospecto denominado Hawaii, a área com óleo de fato é de aproximadamente 11 metros na seção cenomaniana e mínimo de 13 metros na seção albiana. Neste poço, a 79 quilômetros da costa, as atividades de perfuração foram iniciadas em 2 de março.

A OGX também anunciou nesta segunda ter iniciado campanha de perfuração nos blocos operados na Bacia de Santos. A sonda Ocean Quest, da Diamond Offshore, já se encontra no primeiro prospecto, denominado Natal, localizado no bloco BM-S-59, em águas rasas.

Anadarko anuncia bom resultado de teste no pré-sal

A petroleira norte-americana Anadarko anunciou nesta terça-feira que foi bem-sucedida no teste de produção realizado no poço Wahoo 1, no pré-sal da bacia de Campos.

A empresa, que detém 30 por cento do bloco BM-C-30, onde está Wahoo, sendo também a operadora no consórcio, disse que verificou vazão de 7.500 barris diários de petróleo de 31 graus API, produto mais leve e de maior valor que o normalmente produzido no Brasil.

A vazão média foi limitada pelos equipamentos e também foi verificada a produção diária de 4 milhões de pés cúbicos de gás natural associado.

"Esses são resultados bastante sólidos para o primeiro teste de produção no pré-sal do campo de Wahoo", afirmou Bod Daniels, vice-presidente para Exploração Global da Anadarko, em comunicado.

"O teste confirma a classificação de classe mundial para o reservatório, e com base nos dados coletados, nós acreditamos que esse poço poderá produzir mais de 15 mil barris por dia", acrescentou Daniels.

A companhia pretende agora mover os equipamentos para o poço Wahoo 2, que está a aproximadamente 8 quilômetros ao norte do poço original.

Os testes que estão sendo realizados no local irão alimentar o projeto para o futuro sistema de produção no bloco, que tem reservas estimadas em 300 milhões de barris.

São parceiros da Anadarko no bloco a Devon Energy Corp, com 25 por cento, a IBV Brasil Petróleo Limitada (subsidiária de Bharat PetroResources Limited e Videocon Industries), com 25 por cento, e a SK Energy Co Ltd, com os restantes 20 por cento.