01 abril 2010

Brasil e China devem ampliar cooperação no setor de petróleo e gás

A cooperação entre o Brasil e a China nos setores de petróleo e gás e de biocombustíveis deverá ser ampliada nos próximos anos. A previsão foi feita pelo diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, que encerra nesta quinta-feira (1/4) sua visita à China a convite da Administração Nacional de Energia daquele país.

A visita abriu novas perspectivas de cooperação bilateral em petróleo, gás natural e biocombustíveis às vésperas da visita do Presidente da China ao Brasil, agendada para a segunda quinzena de abril. O diretor-geral da ANP viajou acompanhado pela diretora Magda Chambriard, e pelos Superintendentes de Comunicação Institucional e de Planejamento e Pesquisa, além de e um representante da Superintendência do Refino.

Lima, que foi o primeiro brasileiro a falar na abertura da Conferência Brasil-China para Promoção de Investimentos, realizada pelo Banco de Desenvolvimento da China, destacou que a participação do setor de petróleo e gás natural nos negócios entre os dois países, que era discreta, finalmente começa a crescer. Dos US$ 36 bilhões movimentados no ano passado, apenas 7% foram relativos a essa área.

– Precisamos expandir essa participação – afirmou o diretor-geral da ANP.

A possibilidade de ampliação da cooperação nesses setores também foi analisada no encontro do diretor-geral da ANP com o diretor-geral da Administração Nacional de Energia, Zhan Guobao, que acumula o cargo de vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China.

O diretor-geral da ANP também teve reuniões com os presidentes das três principais companhias de petróleo chinesas: a Sinopec, a CNOOC e a CNPC. Nesses encontros, os representantes das empresas demonstraram grande interesse sobre o funcionamento das rodadas de licitações da ANP e também sobre a proposta de marco regulatório para o pré-sal que está sendo discutida pelo Congresso Nacional.

As oportunidades abertas para a criação de joint-ventures binacionais para o fornecimento de equipamentos para atendimento das exigências de conteúdo local dos contratos de concessão das petroleiras que atuam no Brasil também despertaram o interesse dos dirigentes chineses. O mesmo aconteceu em relação ao desenvolvimento de projetos de pesquisa na área de biocombustíveis com a participação de universidades, a exemplo do que está em curso entre a Universidade de Petróleo da China e a Coppe-UFRJ.

Haroldo Lima, ao lado do Diretor Geral da Administração Nacional de Energia da China, também participou na cidade de Yantai, da cerimônia de junção das partes superior e inferior de FPSO (Floating Production Storage and Offloading) semi-submerso para água profunda fabricado no estaleiro da cidade para operar no Brasil. Ontem, 31/3, o diretor-geral da ANP deu uma conferência na Universidade do Petróleo da China, em Beijing, sobre a ampliação da parceria estratégica Brasil-China no setor regulado pela Agência e examinou com os dirigentes da Universidade possibilidades de novos intercâmbios com instituições brasileiras, inclusive ao amparo do Programa de Recursos Humanos da ANP, para a formação de mão de obra especializada para a indústria do petróleo, gás e biocombustíveis.

Petrobras finaliza acordo para assumir instalações do antigo Ishibrás no Rio

À semelhança do contrato negociado entre a Andrade Gutierrez e o Grupo Synergy, para arrendamento do estaleiro Mauá, a Petrobras também negocia o aluguel de uma área no Rio para a construção de plataformas. O contrato, em fase final de negociação, prevê o arrendamento de área de cerca de 300 mil metros quadrados no bairro do Caju, zona portuária do Rio, por 20 anos.
Ali operou por muitos anos o estaleiro Ishikawajima do Brasil (Ishibrás), que tinha o maior dique seco para a construção de navios e plataformas do país. No mercado comenta-se que a Petrobras vai pagar cerca de R$ 4 milhões por mês pelo arrendamento da área, que pertence à Companhia Brasileira de Diques (CBD), controlada por uma sociedade de propósito específico que tem como sócios a Inepar Administração e Participações (IAP), holding que controla a Inepar Indústria e Construções, e a Fator Empreendimentos.
Ontem, em Nova York, o governador do Rio, Sérgio Cabral, destacou a importância para o Rio e para a indústria naval brasileira do arrendamento dessa área pela Petrobras. As instalações do antigo Ishibrás, que precisam receber investimentos para operar, serão fundamentais para a produção de mais navios e plataformas no Estado. Com a retomada do estaleiro, que vem funcionando apenas para reparos nos últimos anos, abre-se também a possibilidade de criação de novos empregos no Estado, uma vez que a indústria naval é intensiva em mão de obra.
Em outubro de 2009, circulou informação segundo a qual a Petrobras teria aprovado o arrendamento das instalações do Ishibrás. Mas na época a Petrobras informou que, apesar de o assunto ter sido analisado em reunião de diretoria, ainda faltava um parecer da área jurídica para concluir a operação. Ontem uma fonte disse que ainda há pequenos detalhes sendo analisados.
Existe a possibilidade de o assunto ser tratado hoje em reunião de diretoria da Petrobras. Procurada, a empresa informou ontem, via assessoria, que não tinha nada a comentar sobre o arrendamento do Ishibrás. Depois de arrendada, a estatal deve oferecer a área para empresas fazerem a conversão de cascos de embarcações em navios-plataformas.

Crise mundial e preços baixos reduziram investimentos no setor de cana

A falta de investimentos nos últimos anos na renovação dos canaviais pode afetar a próxima safrado setor. Segundo o diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, com a crise internacional e a baixa nos preços do álcool, a indústria deixou de investir na recuperação das lavouras.

De acordo com os dados divulgados hoje (31) pela Unica, os investimentos nos canaviais em 2009 foram 23% inferiores aos de 2008. Rodrigues destaca que o envelhecimento da plantação torna mais imprevisível a produção. “Ninguém tem condições de fazer planejamento de safra em um canavial desequilibrado”, ressaltou.

Rodrigues acredita que as empresas do setor terão que investir em seus canaviais na próxima entressafra, o que reduzirá a área disponível para a colheita. “Você termina essa safra com um canavial totalmente desequilibrado e as empresas querem normalizar o seu canavial. Aumentando a área de reforma ano que vem, você vai ter menos disponibilidade de área para colheita”, explicou.

As novas áreas de plantação de cana-de-açúcar conseguirão, segundo Rodrigues, compensar dificilmente as áreas que precisam ser reformadas. “Evidente que continuará havendo expansões, mas o cenário provável é que não compense a redução da área a ser colhida na próxima safra”, destacou.

A safra deste ano, 2010/11, deve superar em 10% a anterior, totalizando 595 milhões de toneladas de cana moída, segundo estimativa da Unica. A produção de etanol deve chegar aos 27,3 bilhões de litros, 15% do que da última safra. No açúcar, a produção deve aumentar 19,1% e chegar a 34 milhões de toneladas.

Segundo a Unica, os resultados deverão mostrar a normalização da safra, após um ano atípico. O excesso de chuvas em 2009 prejudicou, de acordo com a entidade, a safra passada e foi responsável pela grande alta nos preços verificada a partir do final do ano. Além disso, os produtores haviam vendido parte do produto abaixo do preço de custo no início do ano para compensar uma falta de liquidez.

O presidente da Unica, Marcos Jank, ressaltou que, no entanto, as condições excepcionais verificadas no ano passado tem poucas chances de repetir. Ele acrescentou que a indústria trabalha em conjunto com o governo federal para fortalecer um programa de estocagem de etanol para dar mais estabilidade aos preços do produto.