01 março 2010

Vietnã convoca aliados para impedir avanços da China em questão territorial

O arquipélago das Ilhas Paracel está situado no Mar da China do Sul, a 400 quilômetros da costa leste do Vietnã. Ele é formado por uma série de rochas, recifes e porções de terra, os quais parecem, para olhos desavisados, tão valiosos quanto os pedaços de corais trazidos à praia pelas ondas do mar. 

Porém, tanto esse arquipélago como as Ilhas Spratly são ricos em petróleo e gás natural e por isso almejados pelos países que formam um grande arco ao redor do Mar da China do Sul. China, Taiwan e Vietnã reivindicam as Ilhas Paracel, juntando-se a eles as Filipinas, a Malásia e Brunei para reivindicar as Ilhas Spratlys ou suas águas territoriais. 

Os mais vociferantes são o Vietnã e seu rival tradicional, a China. Na verdade, nenhuma questão entre estes dois países é mais emocional ou intratável do que essa. 

As tensões enfrentaram mais um entrave em janeiro, quando a China anunciou seus planos de desenvolver o turismo nas Ilhas Paracel, controladas pelo exército chinês desde1974. Foi um começo desfavorável ao que os dois governos haviam oficialmente proclamado de “Ano da Amizade”.

O Ministério das Relações Exteriores do Vietnã denunciou a atitude da China, como é de costume neste tipo de situação. No entanto, é de forma silenciosa que o Vietnã tem ido além dos simples argumentos: ele fundou a base para outra estratégia que pode libertar as ilhas do domínio chinês. 

O Vietnã trabalha duro nos bastidores atrás do envolvimento de outros países nas negociações, para que a China precise barganhar em um cenário multilateral com todas as nações do sudeste asiático que reivindicam territórios no Mar da China do Sul, o que contraria o desejo chinês de negociar com cada país individualmente. 

Em outras palavras, o Vietnã pretende levar todas as partes para a mesa de negociações, a fim de proteger-se contra o gigante chinês. Esta estratégia de “internacionalização” da questão pode ser adotada mais vezes pelos pequenos países asiáticos, como o Vietnã, nas disputas com o monstro chinês. A ideia é a seguinte: com a expansão do poder político chinês no mundo, a única solução possível para que as nações menores exerçam alguma influência sobre a China é forçá-la a negociar em fóruns multilaterais.

Os Estados Unidos não tomaram posição nestas disputas, porém seus representantes “estão preocupados com a tensão entre a China e o Vietnã, uma vez que os dois países pretendem explorar os potenciais depósitos de petróleo e gás do subsolo do Mar da China do Sul”, declarou Scot Marciel, subsecretário de Estado, durante um testemunho diante do Congresso dos Estados Unidos, em julho do ano passado. Marciel acrescentou que a China havia mostrado uma “assertividade crescente” no que julga serem seus direitos marítimos. 

As tensões decorrentes destes direitos afligem as relações da China com muitos de seus vizinhos. Em janeiro, o Japão protestou contra os planos chineses de desenvolvimento de campos de gás no Mar da China Oriental. 

Fonte
Autor : Edward Wong
Site: G1

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