18 abril 2010

A formação de profissionais em logística: algumas considerações

A formação e o desenvolvimento profissionais são assuntos debatidos, regularmente, quando se discutem os relacionamentos entre o indivíduo, a escola e o trabalho. Em nossa sociedade, a maior parte dos integrantes que ingressa no processo educacional o faz na expectativa de obter instrumental necessário à sua realização pessoal e, principalmente, à sua empregabilidade. Na prática, o produto final do processo educacional consiste na aquisição de um conjunto de conhecimentos, competências e habilidades que tornem o indivíduo apto para exercer determinada especialização profissional. Essa aquisição ocorre em diversos níveis, entre eles o de pós-graduação lato sensu, os chamados MBA. Esses cursos tanto podem ter uma abordagem generalista (MBA em Gestão Empresarial) como também uma específica; por exemplo, em Logística.

O modelo MBA, regulamentado em 2001 pelo Conselho Nacional de Educação – CNE, por meio da Resolução nº 1 da Câmara de Educação Superior – CES, tem sido, por muitos, contestado quanto à sua eficácia. Muitas razões são alinhadas para explicar o baixo rendimento obtido por grande parte dos profissionais egressos de muitos desses cursos. Alguns pontos levantados são:

(a) baixa qualidade dos cursos de graduação, tanto de administração como de engenharia, origem da maioria dos alunos;
(b) proliferação de cursos, sem que haja quantidade suficiente de docentes habilitados;
(c) currículos ultrapassados, sem atentar para as mudanças ocorrentes no mundo globalizado;
(d) multiplicidade de escolas sem infra-estrutura acadêmica;
(e) deficiências do corpo docente atuante em muitos dos MBAs;
(f) reduzido grau de ação regulatória e fiscalizadora do MEC.

A competição globalizada em busca de qualidade e produtividade é o grande desafio a ser vencido. O perfil do emprego vem mudando continuadamente, exigindo dos recursos humanos uma gama de conhecimentos e experiências que ultrapassam o conceito tradicional de “profissão”. O profissional demandado pelo novo ambiente não é mais o produto das escolas clássicas, detentor de conhecimentos e habilidades limitados a um universo restrito. O novo “produto” deve ter, cada vez mais, características interdisciplinares, com capacidade para atuar em um amplo leque de exigências. Sua formação não poderá continuar sendo em série (um curso após outro) como até agora tem sido feito. É necessário que o novo profissional estabeleça suas necessidades em termos educacionais e profissionais, traduzidos em objetivos a serem alcançados, de forma radial e convergente, por meio de produtos a eles relacionados.

O simples acesso a uma das profissões regulamentadas no Brasil (perto de uma centena, a metade de nível universitário) já não é garantia de emprego. Há anos repousa no Congresso Nacional projeto de lei que pretende desregulamentar a maior parte dessas profissões, deixando como “cartoriais” algumas poucas, relacionadas com a saúde dos indivíduos e com a segurança de pessoas e de instalações. O mercado passará a definir o tipo de profissional necessário às suas necessidades, com base em parâmetros vinculados a conhecimentos, experiência e competência comprovados.

Organizações, como pessoas jurídicas, já criaram instrumentos de diferenciação que permitem participar, com sucesso, da competição global. É imperativo que algo, além de preços, permita aos clientes obter bens e serviços de qualidade. Uma das formas de avaliar esse grau de excelência é a Certificação ISO 9.000, 14.000 e outras daí derivadas. Uma organização reconhecida por uma entidade certificadora de renome tem maiores possibilidades de sobrevivência no ambiente da competição global.

As instituições vencedoras são reflexo dos recursos em pessoas de que são constituídas. Tais recursos devem possuir um nível de excelência compatível com os objetivos e com os desafios enfrentados por quem lhes paga o salário. Diante desse quadro, emerge a necessidade de avaliar o potencial dos recursos de conhecimento necessários para as organizações e, com base em parâmetros objetivos, certificar os que atingirem um determinado patamar de qualidade desejada.

Alguns pontos podem ser alinhados como razões pelas quais um profissional estará motivado para integrar um programa de certificação, tais como: auto-estima, confiança, conhecimento atualizado, promoção, reconhecimento profissional e participação em grupo de elite profissional.

Fonte
Site: www.joblog.com.br

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